A CRIANÇA INTERIOR: como nossas experiências passadas moldam nosso presente

21 de fev.
3 min de leitura

"Em todo adulto espreita uma criança – uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completa e que solicita atenção e educação incessantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa."

— Carl Gustav Jung

A criança interior representa nosso verdadeiro eu, nossa essência mais pura. Quando passamos por experiências de violência, negligência ou trauma na infância, essas vivências podem deixar marcas profundas que nos acompanham na vida adulta.

Para Carl Jung, o arquétipo da criança pode se manifestar de duas formas:

De maneira saudável, ele desperta a alegria de viver, estimulando o equilíbrio entre prazer e responsabilidade.
Quando ferido, ele pode gerar desafios emocionais, como dependência afetiva, medo da rejeição e dificuldades em assumir responsabilidades.

A criança ferida carrega memórias de abusos físicos e emocionais, negligência e outras dores que moldam sua personalidade e influenciam seus relacionamentos. Isso pode levar a sentimentos de autopiedade, resistência ao perdão e uma tendência a permanecer presa ao passado, culpando os pais ou buscando em outras figuras paternas e maternas a solução para seus problemas.

No entanto, essa mesma criança ferida tem o potencial de transformar experiências dolorosas em crescimento e compaixão.

A importância de acolher a criança interior

Dentro de cada um de nós vive essa criança, que influencia nossas emoções, escolhas e relacionamentos. Por isso, autoconhecimento é essencial para reconhecer nossa história, acolher nossas dores e integrar todas as partes dessa criança—tanto suas qualidades quanto seus traumas, para conseguimos expressar nossa verdadeira essência.

Quando nossa criança interior está desperta de maneira saudável, ela nos traz coragem, entusiasmo e equilíbrio. Dessa forma, nos tornamos mais autênticos e somos capazes de construir relações mais plenas e amorosas.

Sempre enfatizo que a infância é a base da vida adulta. O amadurecimento acontece quando encontramos novos caminhos para cuidar dessa criança interior ferida e assustada.

O papel da mulher adulta na cura da criança interior

Você sente que, em algum nível, suas necessidades emocionais não foram nutridas na infância? Talvez nunca possamos suprir completamente essas carências, pois elas podem estar ligadas a ideais que criamos ao longo da vida.

Entretanto, cabe à mulher adulta de hoje libertar-se dos padrões rígidos de sobrevivência que foram criados como resposta a essas dores. Essas necessidades emocionais não atendidas podem — e devem — ser cuidadas pela adulta que você se tornou, permitindo que sua criança interior se sinta segura e espontânea.

A segurança necessária para cuidar da criança que vive em nós é conquistada ao reconhecermos e validarmos nossas próprias habilidades.

Cuide das suas dores e sofrimentos para que, ao invés de serem um peso, possam ser enxergados de uma nova forma — como parte do seu crescimento e da sua força.

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