FERIDAS EMOCIONAIS DA INFÂNCIA QUE IMPACTAM A VIDA ADULTA
- 31 de mai. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 3 de mar.

Como sempre falo nos textos que escrevo, que a infância é a base para nossa vida adulta e que tudo o que acontece na infância serve para moldar a pessoa que você será no futuro. E quando falo de vida adulta. de amadurecimento, podemos constatar que amadurecemos quando encontramos novos repertórios para nossa criança interior ferida, assustada...
É nessa etapa da vida que se constrói a autonomia, autoestima, a segurança... que são tão importante para desenvolver a resiliência e saber lidar com a frustração.
É também na infância que se ganha certas feridas emocionais difíceis de curar, e que podem durar toda uma vida caso não passe por um processo psicológico.
Trago nesse texto as principais feridas emocionais que precisam ser acolhidas e cuidadas muitas vezes com a ajuda de uma psicóloga especialista em traumas, para poder ressignificar essas dores e ter uma vida com mais sentido.
Medo do Abandono é, sem dúvida, umas das feridas emocionais que mais aparece no consultório e esse medo aparece quando os pais ou cuidadores não puderam (ou não quiseram) assumir o papel de cuidadores e protetores. A falta de companhia, de atenção e segurança na infância deixam marcas profundas na vida adulta, especialmente se os pais ou responsáveis nunca estão presentes para acolhe-los quando estes enfrentam seus medos.
Essa criança pode chegar à fase adulta como uma pessoa insegura e emocionalmente dependente. Também, pode ser que apresentem comportamentos solitários e tenham dificuldades para fazer amigos.
Rejeição é um sentimento doloroso e, quando sistematizada, acaba criando um sentimento de insegurança. Carinho e compreensão são fundamentais para que a criança se desenvolva adequadamente e com segurança emocional. Sem isso, se sentirá inferior a tudo e a todos.
Quando adulto, pode ter dificuldades em se alegrar, se sentir grata ou satisfeita por suas conquistas, o que dificultará sua relação com os demais em todos as esferas da sua vida.
Violência intrafamiliar, como castigos e atos repressivos não deveriam estar associados a um intuito de disciplinar. Segundo estudos na psicologia infantil podemos vê que, apesar de habitual, não é o melhor método de educação. E o que dizer então de ações que resultam em violência intrafamiliar?
Brigas, insultos, ataques de raiva que fogem ao controle… tudo isso desestabiliza a criança, seja ela a vítima da violência ou como testemunha de atos frequentes em casa. Ela vai crescer tendo esse entorno abusivo como referência e a chance de repetir esse modelo na vida adulta, em seus relacionamentos, é latente.
Injustiça. A infância é uma etapa de aprendizado, quando, dentre outras coisas, começamos a construir nosso senso de justiça. O favoritismo entre irmãos, as diferenças de tratamento em casa e na escola, são situações que servem para alimentar a ideia de que a criança não é merecedora da atenção daqueles que a cerca.
Essa criança cresce insegura e pessimista, esperando inconscientemente o destrato por parte de todos. Está claro que fica difícil construir relacionamentos duradouros partindo dessa visão de mundo.
Humilhação. A criança que cresce sendo constantemente submetida à humilhação, seja por situações de bullying ou por um ambiente familiar nocivo, poderá ficar traumatizada, se não tiver um adulto que lhe acolha.
Esse trauma impactará sobretudo sua autoestima, deixando-a triste e ansiosa. Como adulta, terá pouca ambição pelo futuro, justamente por não confiar em suas potencialidades.
Traição, como promessas não cumpridas. Uma atitude aparentemente inocente, adotada pelos pais e responsáveis. Quando afirmações como "se você fizer a lição, te levo no parque" ou "se você raspar o prato, vai poder pedir o que quiser" não se cumprem, está em jogo bem mais que a frustração da expectativa da criança.
Para ela, é um golpe à confiança que deposita nos pais ou responsáveis, que são infalíveis no seu entendimento. Pelo exemplo, se está sendo ensinado que não se pode confiar em ninguém, que o mais seguro é não acreditar, porque assim se evita o sofrimento.
Medo do desconhecido. Todas as crianças, em algum momento, precisam enfrentar seus medos, seja do escuro, de fantasmas, de altura, etc. E esse processo nem sempre é tratado com a delicadeza necessária. Ser taxada de covarde, medrosa ou similar, fragiliza seu emocional.
Quando adulta, pode apresentar-se como uma pessoa indiferente, com problemas para manifestar empatia pelos demais e com grandes dificuldades de expressar suas emoções.
Você sente que em algum nível suas necessidades emocionais não foram nutridas na infância?
Nunca haverá forma de supri-la em tudo hoje, talvez isso seja um ideal apenas dos seus desejos.
Cabe a mulher adulta de hoje o papel de libertá-la de padrões rígidos de sobrevivência, dessas necessidades emocionais que não foram atendidas, mas que podem ser cuidadas pela adulta de hoje para que ela possa ser espontânea e segura dentro de si.
A segurança é importante para cuidar da criança que vive dentro de nós, e essa segurança é conquistada vivendo e constatando nossas habilidades.
Então...
Como você cuida da sua criança interior?
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Cuide das suas dores e sofrimentos para que essa dor possa ser vista e sentida de forma diferente.

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Com carinho,
Maria Cecília Fagundes Brasil
-Psicóloga Clinica | CRP 08/37354
-Psicoterapeuta de Mulheres
-Especialista em Psicoterapia Somática | saúde integral
-Especialista em Trauma e Estresse Pós-traumático
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"Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta."
Carl Jung




Impressionante! Nem imaginamos que esses "detalhes" vividos são coisas muito grandes pra se esquecer, eles nos moldam e nos transformam na pessoa que somos, pessoas sãs ou não. Precisamos atentar para os sinais que nosso corpo nos dá e buscar o auxílio necessário para que vivamos uma vida saudável, quer psicologicamente ou fisicamente. Se é que podemos separá-las. Não podemos!!
Bem esclarecedor e relevante para olharmos as nossas crianças e a criança que fomos! 👏👏